Ellar Moreira de Oliveira
Bebê: Enrico
Espero que meu relato sirva para encorajar outras mães, principalmente com bebês grandes.
Tive uma gravidez saudável, fiz teste de glicose duas vezes, mas meu bebê crescia muito e o motivo era porque simplesmente ele queria mesmo vir grande! Com 30 semanas o obstetra disse que talvez não conseguisse parto. Fiquei bem chateada porque eu estava me preparando física e psicologicamente, estava convencida dos benefícios do parto e eu queria que meu bebê nascesse no dia que ele escolhesse. Bom, cheguei nas 39 semanas e o obstetra ainda disse que faríamos o possível pelo parto, mas que seria feito o melhor pra mim e o bebê. No dia que antecedeu o nascimento, liberei muita oxitocina! Almocei com uma amiga querida, tomamos sorvete, fez um dia de sol, andamos bastante. Trabalhei até as 19h, às 23h fui com o marido ao aeroporto buscar minha mãe e ali o bebê já deu sinal que só estava esperando a vovó chegar, mais oxitocina! Às 2h da manhã senti um puxão na perna direita, acordei o marido que deu um pulo da cama e deu-se inicio ao trabalho de parto de 13 horas. Levantei, vi que o tampão saiu, voltei pra cama, vomitei, fui pro chuveiro, deitava, levantava e queria arrancar a perna em cada contração, parecia que o quadril queria se partir pelo lado direito. Meu marido recebendo orientações da Tiffany e às 6h chamamos minha mãe e fomos para o Instituto Besser.
Lá toda a atenção da doula querida, massagem, bola, chuveiro, chazinho, vomitei tudo de novo, caminhei pelo estacionamento apoiada na minha mãe, era uma manhã bonita de sol, entrei na partolândia, me entreguei pra dor, era o dia que meu bebê tinha escolhido pra nascer e eu estava lá pra ajudá-lo. (eu sei da partolândia porque me disseram que eu estava cantando em árabe no chuveiro e eu não sei cantar em árabe), às 10h30min fomos pra maternidade e o tempo todo eu pedindo pra Ty puxar minha perna e ela até brincou dizendo que meu parto seria de pé puxando a perna. Chegamos com 7 cm de dilatação como planejamos e eis que o 7 realmente é tenso! Fui super grossa com o plantonista antes do exame de toque, o coitado me perguntou, "oi, tudo bem com você?" Eu respondi com uma palavra nada bonita quase gritando, como estaria tudo bem com aquela dor que estava me partindo os ossos? Enfim, ele fez o exame, nem doeu e eu pedi desculpas. Fomos para o quarto e continuamos na bola, massagem, marido bem presente e mãe um pouco nervosa. Às 13h chegou o obstetra e eu pedi analgesia, estava cansada e com muita dor, primeira intervenção. Depois, no centro obstétrico a segunda, o obstetra estourou minha bolsa e me deu a noticia, "você tem 4 horas, ao final vamos analisar se será necessário cesariana". Agora que se passaram os meses eu entendi o motivo. Só quando a mãe está com dilatação total se pode verificar se há um problema que se chama desproporção céfalo-pélvica quando realmente o bebê não tem como passar e isso independente se a mulher tem estrutura grande ou pequena! Bom, eu só sabia que tinha 4 horas e quando a Ty e o marido entraram no centro obstétrico eu pulei da cama, quase cai, quebrei o dedão do pé (que só descobri depois) eles correram pra me segurar e eu falei que tinha 4 horas para parir! Fiquei desesperada pois pensei, não cheguei até aqui pra terminar em cesárea. E como sou teimosa, voltamos ao trabalho de parto com bola, frases de apoio, choro, oração e eu falava com meu filhinho que nós iríamos conseguir que tínhamos que nos ajudar. Pelo menos a sala estava como pedi, ar condicionado desligado, escuro e somente nós 3. O obstetra entrava pra monitorar os batimentos e mais ninguém. Por causa da analgesia, meu trabalho de parto ficou lento, teve momentos que quase dormi quando deveria estar acelerado, foi quando a Ty sugeriu oxitocina e o obstetra concordou, era a terceira mas necessária intervenção pois o tempo estava acabando. O expulsivo ficou forte, eu agarrava naquelas barras e "urrava" baixo, mas urrava, colocando o resto de forças que me restavam.
O obstetra avaliou e disse que via os cabelinhos, mas que não dava pra passar. Gelei a alma naquele momento! Ele virou de costas e pediu os instrumentos eu lembro que olhei pra Ty, então ele disse que faria a episiotomia. Era a quarta e ultima intervenção mas hoje reconheço que necessária, e lembro que pensei, antes a episiotomia que a cesariana. Foi uma mistura de alivio, com tristeza por mais uma intervenção. Eu estava cansada. Todos me incentivando, a Ty literalmente me dando forças, segurando meu braço, eu dizendo que não conseguia mais fazer esforço. E eis a natureza e Deus agindo, fiz um esforço que me tremi inteira, cerrei os dentes e junto com todos os meus desejos, tive uma força inexplicável e às 15h52min, veio meu bebê perfeito, com 52 cm e 4,310 kg. O pediatra colocou no meu peito e me deu o paninho pra limpá-lo, o pai chorando cortou o cordão e eu repetia sem parar, conseguimos meu filhinho!
“Bom, eu só sabia que tinha 4 horas e quando a Ty e o marido entraram no centro obstétrico eu pulei da cama, quase cai, quebrei o dedão do pé (que só descobri depois) "!
Ellar Moreira de Oliveira



