Estela Akeni Hiroi
Bebê: Leonardo
Quando estava com 39 semanas e 5 dias, no dia 4 de setembro, acordei sentindo um desconforto suave, na região lombar, como uma onda de dor que circulava na região abdominal. Era mais ou menos 8h. Meu marido foi para o trabalho naquela sexta-feira e eu fiquei em casa, descansando um pouco mais na cama e já começando a entender que poderia ser o início do Trabalho de Parto. Fui para um banho de chuveiro mais prolongado e as ondas de desconforto continuavam.
Iniciei o registro dessa sensação e em cerca de 10 em 10 minutos elas vinham, bem suaves e suportáveis. Depois passaram de 8 em 8 minutos, sendo que nos intervalos eu ficava de cócoras, dançava um pouco, rebolava, até vir uma nova contração e às vezes, quando ficava deitada no sofá mais relaxada, os espaçamentos chegavam em até 20 em 20 minutos, quando aproveitei para dormir um pouco.
Meio dia meu marido voltou do trabalho para o almoço, eu estava descansando, ele comeu, eu tentei comer mas não sentia muita fome. Depois que ele saiu eu quis comer chocolate! Comi meia barra sozinha! Comecei a fazer as coisas da casa, organizar algumas coisas da mudança que fizemos de residência havia 1 semana, as contrações foram ficando de 6 em 6 minutos, 5 em 5. Avisei a Tiffany Buchmann. Continuei fazendo alguns exercícios. Lembro que sentia muita sede, e bebia muita água por conta das respirações profundas que dava e que pareciam que secavam toda a boca e garganta.
Às 18h meu marido retornou do trabalho. Meus desconfortos já haviam se transformado em dores que vinham e passavam, entendemos que era mesmo chegada a hora! Ele deixou tudo preparado para nossa ida à maternidade, manteve uma iluminação suave em casa, sem ruídos, e lá por 20h avisou a Ty que eu estava em Trabalho de Parto em casa.
Em algum momento, a Ty chegou, foi ótimo ver que ela estava comigo e que a partir daquele momento tudo seria coordenado e orientado por ela, ou seja, eu não precisaria mais dizer ao meu marido o que estava acontecendo, ou o que ele poderia fazer para me ajudar, eu ainda tinha consciência mas assim mesmo aproveitei que esse anjo estava presente para me entregar de vez. Que viesse o Leo.
Eu ainda me lembro que olhei por duas vezes no monitor do aparelho da TV para verificar se eu teria condições de assistir a um dos últimos capítulos de novela que queria ver, mas eu não conseguiria mais mesmo! A última vez que vi as horas em casa, acho que eram 21h50min mais ou menos.
Fiz os exercícios na bola, pulando e alongando a lombar.
Fui para o chuveiro, andava de um lado para outro pelo apartamento, sempre ao lado da Ty. Ainda estava com uns 4 de dilatação devido a fase do trabalho de parto em que me encontrava. Comecei a reclamar de muita dor, choraminguei um bocado por conta da falta de ar que chegava a sentir quando a dor vinha. Lembro de ter me assustado achando que tinha feito xixi em pé, enquanto andava pelo apartamento, mas fui tranquilizada porque poderia ser da bolsa, o que seria ótimo para dar prosseguimento ao trabalho de parto.
Mais bola de Pilates, mais chuveiro, mais andar de um lado para outro, mais movimentos. Comecei a sentir vontade de esmagar com as mãos qualquer coisa que segurava durante a contração, como se isso fosse me dar força para pelo menos puxar o ar pra dentro e eu poder sobreviver a mais uma onda de dor. E lembro que a Ty falava, "está tudo ótimo, e essa dor vai passar". E passava, mas logo voltava!
Senti vontade de perguntar que horas eram, mas sabia que isso pouco importava, eu estava entregue à natureza!
As horas do relógio não resolveriam minha dor, não ajudariam o Leo a nascer.
A todo momento seja pelos braços da Ty, seja pelos braços do meu marido, eu buscava aconchego, força, e apertava tudo quanto era mão e braço que eu encostava!
Comecei a sentir vontade de fazer força, como se estivesse com prisão de ventre mesmo! Mais bola, mais caminhada e no chuveiro a Ty perguntou se eu estava querendo fazer força, respondo que sim e que já estava fazendo força algumas vezes. Ela pediu para eu respirar, concentrar e que tentasse não fazer muita força! Era hora de ir para a maternidade!
Me vestiram, me calçaram, me conduziram para o carro, mais ou menos 2h da madrugada do dia 5 de setembro, sábado, da porta de casa até o carro devo ter parado umas 3 vezes para respirar e aguentar as contrações. No carro, até a maternidade, por duas vezes pedi para parar o carro, sendo que na segunda vez um "plof" me fez entender que a bolsa tinha estourado! O carro estava com plastico e toalhas.
Chegando na maternidade, da entrada até a salinha de triagem mais duas contrações. Tudo no universo precisava parar para eu poder respirar nestas horas! Uma médica me examinou e anunciou que eu estava com dilatação total! Não entendi muito bem, mas sabia que isso era o melhor para acontecer naquele momento, mas e o obstetra? Ouvi uma correria para saber se o meu GO já estava a caminho, e estava.
Fui conduzida a caminhar até o centro cirúrgico, acho que eu nem teria outro lugar para ir! A sala de parto humanizado, com banheira e tudo mais. Não daria nem tempo! Até o centro obstétrico foram mais umas 3 contrações e sempre eu precisava me concentrar para respirar, pois tudo estava muito doloroso! E eu voltei a fazer força expulsiva porque isso era espontâneo, não tinha como eu não fazer força.
Já no CO quis me agachar, não queria me deitar, fiquei ajoelhada com a ajuda da Ty, fiquei constrangida com uma involuntária evacuação, mas tranquilizada por me dizerem que isso era normal e quando o GO chegou fui colocada na banqueta para o parto de cócoras. Ouvi dizerem que o pediatra não chegaria a tempo, então o plantonista faria o acompanhamento. Com mais 2 ou 3 contrações o Leo começou a aparecer! Meu GO perguntou se eu queria sentir a cabeça dele e eu disse que não, tive receio de tocar, mas quando ele já estava com a cabeça inteira para fora, eu o vi, toquei e fiquei um bocado assustada com o que acontecia! Que loucura! Ele finalmente estava ali! Vindo para o mundo! Com mais uma contração o corpinho todo saiu e me deu um arrepio, um choque pelo corpo, um alívio por ele estar bem. Sensação muito diferente! Adorei sentir o melado quentinho dele no meu peito, o calor do meu marido nas minhas costas, e sob os olhares cuidadosos da Ty e do GO! Lembro da sensação do roçar do cordão umbilical nas pernas. Meu marido sentiu o pulsar do cordão enquanto eu me deliciava com o toque daquele serzinho no meu peito. Meu GO orientou sobre o corte do cordão e tudo foi feito pelo Miltinho, meu querido marido. E eu sabia que ainda tinha mais um pouco pela frente.
O Leo foi levado para pesagem e o meu marido foi junto. Fui colocada na mesa para os procedimentos de saída da placenta e para levar alguns pontos por conta da laceração que tive.
O Leo retornou e foi mantido comigo, no meu peito, para ajudar na saída da placenta e para que ele fosse estimulado a mamar e eu a dar de mamar! Foi ótimo, porque ele já procurou o bico com a boquinha! Foi lindo!
Acho que reclamei muito mais para tomar os pontos do que para parir! Eu tenho certa aversão à agulhas, tanto que fiz de tudo para não precisar de analgesia, fiquei super feliz de meu GBS dar negativo e eu não precisar ter instalado o acesso na veia.
Mas enfim, de tudo o que envolve um parto, acho que foi muito positivo, pois o Leo estava ótimo! Saudável! Vigoroso! E eu sabia que me recuperaria em breve para poder desenvolver meu papel de mãe, finalmente! Ele nasceu às 2h46min, com 3,145 kg e medindo 48,5 cm!
De tudo, tenho muito a agradecer a Ty pelas aulas de Pilates, pelos cursos ministrados, pelas palavras de apoio, pelo carinho e encorajamento durante a fase final do TP. Agradecer imensamente meu marido que sempre me apoiou nas escolhas que fiz e que aceitou participar dessa jornada! Sem ele eu também não sei se teria conseguido. Ao meu GO que nunca duvidou da capacidade natural de uma mulher em gestar e parir.
Agradecer também às circunstâncias, morar perto da maternidade, a equipe de enfermagem na hora ser equilibrada, o pediatra de plantão ser muito bom e também atuante na linha humanizada! As coisas foram dando certo!
Valeu a pena o preparo!
“Eu ainda me lembro que olhei por duas vezes no monitor do aparelho da TV para verificar se eu teria condições de assistir a um dos últimos capítulos de novela que queria ver, mas eu não conseguiria mais mesmo!"
Estela Akemi Hiroi



