Stefani Maire Matsumoto Yagura
Bebê: Nicole
21 de janeiro de 2015 um dia marcante na minha vida pois descobri que estava esperando a minha princesa Nicole. A partir de então muitas dúvidas surgiram, como seria a gestação, o parto e o pós parto?
Não tinha noção nem informação alguma a respeito dessas coisas, foi quando minha obstetra indicou o documentário "renascimento do parto" e então eu pude abrir os meus olhos principalmente com relação a hora do parto e me deparei com uma realidade triste do Brasil onde a cesárea é de maior índice entre as gestantes e para piorar sem necessidade! Com isso a minha busca para um parto dos sonhos começou, queria que tudo fosse maravilhoso para minha filha nesse dia único.
Como a Nicole veio praticamente em uma troca de anticoncepcional a minha vida não estava preparada para a chegada de um bebê, tive que continuar as minhas atividades no trabalho e também como estudante universitária de arquitetura e urbanismo. Não pude curtir muito a minha gestação por conta da correria da faculdade. A busca do parto perfeito só pode ser feita com 34 semanas nas férias de Julho. Tudo foi resolvido em 1 mês, chá de bebê, arrumar o quarto, procurar o hospital, médico, doula. E graças a uma indicação consegui o telefone da Tiffany Buchmann que combinei de encontrá-la na feira de gestante no pavilhão de exposições do parque barigui onde ela estava divulgando o seu trabalho. Foi quando eu me encantei por ela, pelo seu conhecimento, técnicas e dedicação. Após algumas semanas decidi começar o Pilates e juntas iniciamos a contagem regressiva para o grande dia e a luta contra o tempo para preparação do físico e psicológico.
Após algumas aulas de Pilates, curso de preparação para o parto e encontros para o estímulo das contrações, estava chegando perto das 40 semanas de gravidez, cada dia que passava eu sabia que estava mais perto, então a inquietação de deixar tudo organizado para esse dia começou a bater em meu coração. Minhas aulas voltaram e eu continuei indo para faculdade. Então a ultima pendência foi às lembrancinhas de maternidade que ficaram prontas exatamente no dia provável do trabalho de parto que era no dia 25 de agosto, recebi às 12h dia a encomenda e quando foi 13h da tarde comecei a sentir uma leve cólica, eu estava com uma consulta marcada com a minha obstetra as 15h e ao me examinar ela disse que o colo do útero estava começando a abrir e que até o final da semana poderia nascer.
Então fui para casa e continuei a atividade normal do dia a dia e continuei a sentir a leve cólica até de noite. No outro dia despertei às 6h da manhã com uma queimação no pé da barriga junto com contração. Vi que era algo diferente da cólica do dia anterior e observei que havia um intervalo de 10, 13, 9 minutos, bem bagunçado, o que poderia ser o pródromos. Esperei até 7h30min para ter certeza da frequência e acordei meu esposo e disse que não iria para a faculdade aquela manhã pois desconfiava que estava em trabalho de parto, ele levantou e também cancelou sua agenda e ficou comigo. Ele trouxe café da manhã na cama e eu esperei até as 10h para tomar "o banho da verdade". Ainda estava bem desregulada pelo fato de eu estar deitada e após o banho continuou mas não ritmou. Meu esposo então preparou o escalda pé, acendeu velas no quarto e colocou uma música relaxante e massageou meus pés estimulando a contração. Passado isso ele avisou a Ty e ela sugeriu que fôssemos caminhar em um parque próximo de casa e em cada contração ficar de cócoras e empurrar com a respiração. Meu esposo sugeriu que fôssemos o quanto antes para o Instituto Besser, eu porém não queria pois sabia que poderia demorar muito ainda e isso me deixava insegura. Após a caminhada voltamos para casa, almoçamos e antes de ir para o Besser me tranquei no quarto e orei a Deus, agradeci por ter chegado até ali e pedi forças pois eu sabia que não seria tão fácil mas queria viver aquilo que ele mesmo tinha preparado para as mulheres. Então fomos para o Besser eu ainda achava que estava cedo para irmos e ao chegar lá as 14h30min estava tudo a minha espera foi quando me senti muito especial naquele momento e vi que foi a melhor coisa ter chegado com antecedência.
Após algumas horas relaxantes de massagens, acupuntura, exercícios na bola, começamos a ativar o parto com caminhadas e pulos na bola de Pilates. Já por volta das 18h às contrações eram mais frequentes e suportáveis, ao ir algumas vezes no banheiro percebi que começou a sair o tampão, entendi então que realmente ali chegara o fim de uma gestação e a perfeição do corpo da mulher.
Após a saída total do tampão as contrações começaram a doer mais, porém ainda bem suportável. Pensava comigo "se for assim é moleza esse negócio de parir filho". Mal eu sabia o que estava por vir.
Por volta das 19h surgiu a pergunta do que eu queria comer, e na hora veio um hambúrguer gigante na minha frente. Nos deliciamos com um McDonald's e eu deveria estar com uns 5 de dilatação. A cada dor eu parava de comer sentia a contração e voltava ao meu delicioso hambúrguer. Após isso fui ao banheiro e começou a sangrar, a Ty me disse que agora sim entraria na fase ativa. Sabe aquela história de partolândia? Achava ridículo aquilo, e pensava que jamais iria sair da casinha. Mas com o passar do tempo a dor começou a ficar intensa, e ao mesmo tempo o sono começou a me dominar pois eu vinha de uma semana exaustiva da faculdade, acordando cedo e dormido tarde. Continuava a caminhar pelo Besser e já não conseguia dar mais que 10 passos e logo parava em uma posição de quatro apoios, era o único jeito que me aliviava. Pedia desesperadamente para Ty que eu queria dormir, ela gentilmente me disse que seria pior se eu deitasse e eu teimosa mesmo assim quis, ela então liberou e para piorar me deixou sozinha para eu aprender a escutar a doula. Deitei e a dor era quase que insuportável, eu me virava de uma lado para o outro quase rasgando o cobertor com as mãos e quando passava eu pensava, "meu Deus o que é isso? Será que vai vir de novo?". E começava tudo de novo. Pensava novamente, "meu Deus o que eu faço para passar essa dor? Cadê a Ty?".
Eu nunca pensei que iria gritar ou gemer no trabalho de parto, achava muito feio aquilo, mas lá estava eu gemendo sozinha. Depois de alguns minutos chega meu marido a Ty e a Alline e eu falei, "pelo amor de Deus como que faz para amenizar isso?". A Ty gentilmente me disse, "eu não te disse amor que seria pior se você deitasse? Vamos caminhar!". Eu falei, "não aguento!". Ela disse, "aguenta sim, vamos lá!"
Pela fase do trabalho de parto que estava, provavelmente estava com 6 cm de dilatação. Fui no banheiro antes de voltar a caminhar e lá dentro eu me segurava nas paredes e ficava girando tentando achar um jeito que fosse menos pior e me olhava no espelho e pensava "sua burra, vai querer ter parto humanizado, agora aguenta".
Quando saí do banheiro em alguns passos já vinha outra contração na sequência. A partir de então eu já não sabia mais que horas eram só me concentrava na dor. A minha amada doula aliviava com massagens e compressa e sempre me motivando mentalmente, a Alline só monitorando a sequência e me motivando também. Meu esposo me abraçando e acariciando porém calado para não atrapalhar. Mesmo com tanta dor continuamos os estímulos na bola, pois caminhar já era impossível. Teve um momento marcante de muita fragilidade que eu tive que chorar e falei, "não sei se vou suportar até o fim".
Mas eu pensava na cesárea e via que era melhor sentir aquela dor do que algo desnecessário e eu não podia desistir pois iria me sentir muito fraca como mulher. Foi quando a dor já não cabia mais em mim e eu não controlava minha voz mais, o intervalo entre as contrações eram bem curtos, foi quando decidiram me levar para a maternidade.
Eu falei, como que eu vou descer 10 andares e andar até o carro desse jeito?". A Ty me disse, "temos que ir logo, ela está quase nascendo".
Devagar e sempre fui caminhando até o carro e ao olhar no relógio eram 1h30min da manhã.
Não sei o nível da altura dos gritos mas fui berrando e me retorcendo no carro e falei, "por isso que os hospitais não gostam de parto normal com um escândalo desse que estou fazendo!".
Meu marido foi furando todos os sinais e chegamos em poucos minutos no hospital. A minha obstetra tinha acabado de chegar e me levaram para a sala do parto humanizado. Minha vontade de tomar banho e dormir era enorme pois estava suada e cansada. A GO fez o exame de toque e estava com 8 de dilatação. Nesse momento já conseguia observar o entorno e sentia um relaxamento no intervalo das contratações. Fui para o chuveiro e quando a dor vinha ainda era insuportável, quando me deslocaram para a banheira eu relaxei durante os intervalos mas fazia força quando vinha a contração, foram algumas idas e vindas do chuveiro para a banheira, quando no chuveiro senti um ardor no canal vaginal e eu sabia que era o início do coroamento, mas não comentei nada com ninguém, só fazia força e cada vez mais ardia mais. Já sentindo a cabeça da Nicole no canal vaginal me deslocaram para a banheira novamente e eu senti aquele crânio no meio das pernas e lá fiquei de cócoras dentro da água e a cada contração fazia força foi quando eu coloquei a mão e senti uns cabelinhos e pensei, "está acabando, mas ainda tem a cabeça toda e o corpo todo, meu Deus me ajuda!".
A queimação era forte e a força que eu fazia não sabia de onde vinha, sentia as veias do meu pescoço quase estourar e em cada contração e em cada força eu sentia a cabeça quase saindo.
Foi quando eu perguntei, "vocês não estão sentindo a cabeça da Nicole?". Então eu puxei a cabeça dela e ela saiu totalmente. A GO pediu para que eu mudasse de posição para ela me ajudar pois de cócoras dentro da banheira não era possível a criança sair devido ao tamanho estreito. Então eu disse, "me deixa que eu estou fazendo sozinha!".
A Ty me convenceu a mudar de posição pois em meio a dor e cansaço nem tinha raciocinado que era impossível de sair daquela forma,
então eu me deitei e na última contração a Nicole nasceu. Um alívio e emoção ao mesmo tempo. E eu pude olhar olho no olho da minha pequena e sentir ela por alguns minutos no meu peito. O meu esposo cortou o cordão umbilical e ficamos curtindo a pequena na banheira, ela nasceu 2h50min da manhã, saudável e forte com 3,125 kg e 48 cm, recebeu nota 9.
Minha placenta saiu perfeitamente inteira após alguns minutos. Tive laceração de primeiro grau que nem foi necessário ponto. Logo a Nicole começou a mamar e pegou certinho o seio. Foi tão intenso e lindo que viveria tudo de novo quantas vezes fosse necessário. Ser respeitada e amada por quem estava comigo foi muito emocionante pra mim. Meu parto humanizado 100% natural um presente de Deus que hoje me lembro com lágrimas nos olhos e coração ardente. Hoje entendo a importância de nos informar corretamente, a Ty foi um anjo que me ensinou muita coisa e o curso dela foi de extrema importância pra mim pois exatamente o que ela ensinou aconteceu e saber cada etapa do trabalho de parto foi primordial para chegar no objetivo final. Só tenho a agradecer pela realização do sonho! Hoje Nicole está linda saudável e enorme!
Depois de algum tempo após o parto olho para trás e me emociono muito com as horas que passei no Besser, cada evolução do processo, os momentos intenso de dor e todo o trabalho parto. Posso dizer que foi a maior e melhor experiência da minha vida e poder lembrar com prazer e alegria não tem preço. Sou grata a Deus por ter conhecido a Ty. Eu e o Evandro estamos ainda mais admirados e apaixonados pelo seu trabalho. Você é incrível e para nós mamães, ter uma pessoa assim participando desse momento cria um vínculo muito forte que além de amizade e admiração o maior de todos é a gratidão. O valor a ser pago chega ser simbólico perto do grande sentimento que criou em mim, mais uma vez muito obrigada.
“Foi quando eu perguntei, "vocês não estão sentindo a cabeça da Nicole?". Então eu puxei a cabeça dela e ela saiu totalmente. A GO pediu para que eu mudasse de posição para ela me ajudar pois de cócoras dentro da banheira não era possível a criança sair devido ao tamanho estreito. Então eu disse, "me deixa que eu estou fazendo sozinha!".
Stefani Maire Matsumoto Yagura



