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Aline Fuson Lisa da Silva
Bebê: Manuela

Eu queria cesárea. Não por necessidade, mas por opção, afinal pra quê eu iria sofrer se hoje em dia existe a tecnologia? Era assim que eu pensava.

Mas Deus foi tão perfeito que eu demorei quase cinco anos para engravidar por causa da endometriose, e por isso deu tempo de eu me informar. Mesmo sem engravidar eu ficava lendo blogs de maternidade, até que li um relato de parto. Vi trechos do filme Renascimento do Parto e viciei em ler relatos de parto e ver vídeos de parto humanizado. Enfim eu estava decidida pelo parto que queria ter, mesmo antes de engravidar.

Eu estava bem, fazendo reeducação alimentar, saradona na academia. Decidi ficar feliz mesmo que não engravidasse. Estava bem com Deus, crendo que ele estava cuidando de mim.

E depois de tanta espera, tanta tristeza, quando já tínhamos decidido tentar uma fertilização in vitro, quando enfim conseguimos o dinheiro, um milagre aconteceu! Engravidei naturalmente. 

Quando contei para minha amiga, Michelle, ela já me passou o contato de alguns médicos humanizados de Curitiba e a indicação da nossa doula Tiffany Buchmann. Deus já havia preparado tudo, nem precisamos procurar, veio tudo nas nossas mãos.

Acabei nem consultando com meu médico de anos, porque apesar de respeitá-lo muito, seu índice de cesáreas era 97%. Não quis arriscar. Enfim, consegui consulta com dois médicos e decidi optar pela minha GO.

Tive uma gestação dos sonhos, super saudável, deliciosa, ativa, alegre, afinal, eu estava vivendo um milagre! Porém, com 24 semanas a ecografia mostrou que a placenta estava baixa e a Dra. falou que se não subisse até a próxima ecografia eu não poderia fazer parto normal. Fiquei arrasada, afinal eu estava me cuidando direitinho, mudei de médico, estava fazendo Pilates e academia para ter um parto normal e recebo essa notícia. Falei com a Ty e ela me acalmou dizendo que era um indicativo real de cesárea, mas que era pra eu ficar tranquila que ainda podia mudar. Confesso que fiquei umas 2 semanas meio desiludida. Chorei. E no fim foi bom levar este choque, pois como a Dra me falou, "não podemos idealizar demais o parto, porque tudo pode acontecer. É imprevisível, mas o mais importante é a saúde do bebê e da mãe".

Então fiquei tranquila, sabendo que independente se fosse parto ou cesárea, eu sabia que Deus estava cuidando de tudo pra nós. 

Enfim fizemos a última ecografia com 36 semanas e a placenta subiu! Tudo certo para o parto normal!

Nós pretendíamos usar a suíte de parto da maternidade, pois já que não precisamos gastar com a fertilização, decidimos investir no parto. Eu sonhava parir na banheira!

Minha licença maternidade iniciou dia 6 de junho, segunda-feira, estava de 38 semanas e dois dias. Nesse dia fiquei em casa relaxando, assistindo vídeos de parto, comi leite condensado com nescau (coisa que não fazia desde a adolescência) e fazendo exercícios de cócoras e pulando na bola. Conversei com a Manuela na barriga e falei, "filha, pode vir a hora que você quiser"! Chorei emocionada conversando com ela.

À noite eu e meu marido ficamos conversando por horas e comendo pinhão com a pipoca e nossa cachorra do nosso lado. 

Fomos dormir, como num dia normal.

Até então eu só tinha tido contrações de treinamento.

Às duas horas da manhã acordei com cólica. Fui até a cozinha e esquentei água pra por na bolsa de água quente. Voltei a deitar e não quis acordar meu marido. Às três horas as dores não passavam e decidi acordar o Heverson, mas até então eu achava que não era ainda trabalho de parto. Eu "achava" que ela ia nascer com 40, 41 semanas. 

Meu marido falou pra eu ir pro chuveiro, sentei numa banquetinha e deixei a água cair nas costas. As dores começaram a ficar mais intensas e frequentes. Eu ainda me depilei entre uma contração e outra, não queria que me depilassem no hospital. Eu falei pra ele, "será que a gente já avisa a Ty"? Eu não estava achando que estava em trabalho de parto tão avançado. Eu achei que aquilo não eram contrações, pois as contrações não começam assim de 3 em 3 minutos. E ele mandou mensagem pra ela. Isso já eram 4h30min da manhã. A Ty orientou ele deixar o abajur no banheiro e me deixar quietinha e quando saísse do banho era pra tentar deitar e descansar. Saí do banho, meu marido todo carinhoso me secou, me ajudou a me vestir. Tentei deitar mas não conseguia. A Ty então falou pra ele me oferecer comida e enquanto ele foi na cozinha eu ficava me agachando na ponta da cama e cheguei a pensar, "meu Deus, por que fui inventar esse negócio de parto normal?". Afinal estava doendo muito e eu achei que ia ficar o dia inteiro com aquela dor de 3 em 3 minutos. Quando ele trouxe comida senti enjoo. Não consegui comer. A Ty mandou foto de umas posições que eu podia fazer e o Heverson me mostrou, fiquei numa cadeira sentada de frente com as pernas abertas e quando vinham as contrações o Heverson fazia massagens. E vomitei. A Ty então falou pro Heverson, "é trabalho de parto, vão se arrumando pra ir pra maternidade". O Heverson falou pra eu tomar um banho rápido, pois eu tinha vomitado e me arrumar que nós íamos sair. Eu achei que nós íamos pro Instituto Besser. Fui tomar banho e não queria mais sair. O Heverson foi colocando as coisas no carro. Quando voltou eu ainda estava no banho e ele me apressou, abriu a porta e falou, "vamos amor, se não vai nascer aqui, como já disse a Tiffany!"

Eu fiquei brava ainda porque ele abriu a porta e me deixou passando frio. Ele continuou colocando as coisas no carro e eu fui colocar uma roupa. Nessa hora já comecei a sentir vontade de fazer força. Ia me vestindo e me agachando fazendo força, mas eu nem tinha noção do que estava fazendo. Ainda coloquei brincos e passei lápis e rímel no olho, que ficou tudo borrado porque eu me agachava, fechava o olho e fazia força. Quando cheguei na cozinha vi que já eram 6h40min da manhã, tinha perdido a noção do tempo. Levei a bolsa de água quente no carro e fui meio deitada no banco da frente. O Heverson fechou o portão e depois ainda teve que voltar duas vezes, abrir tudo pra pegar minha bolsa e a última ecografia. Uma correria. Nós moramos em Fazenda Rio Grande e ficamos com medo de pegar trânsito bem na hora do pico. Quando chegamos no Pinheirinho eu perguntei se íamos pro Besser ou pro hospital. Totalmente sem noção!

O Heverson foi furando sinal, correndo, desviando e eu fazendo força. Na Avenida Kennedy já abaixei a calça e ele gritava pros motoristas no sinaleiro pra deixar passar. Ela tá tendo bebê!

Ele atravessou a Kennedy na contramão e chegamos derrapando na maternidade. Fui de cadeira de rodas pra sala de triagem. A enfermeira me mandou deitar e eu falei que não conseguia. Eu pensei, "não vou fazer o que elas mandam, vou fazer o que sinto vontade". Mas ela falou pra eu deitar só pra médica avaliar, daí deitei. Uma médica sem graça olhou e disse, "tá nascendo, se você continuar fazendo força vai nascer aqui!" E eu pensei, "então vai nascer aqui!". Pedi pra chamarem meu marido que tava ainda na recepção, não queria de jeito nenhum que ele perdesse o parto. Nisso trocou o plantão e veio uma médica super querida. Meu marido já estava comigo, a Ty chegou, a médica viu que a bolsa já tinha rompido, deve ter rompido quando tomei banho. Ficamos decidindo se íamos pra suíte ou não. A médica falou que corria o risco de nascer no corredor. Decidimos ficar ali mesmo. Falei, "Dra, eu não quero episiotomia!". Ela falou, "aqui nem tem instrumento pra isso". Eu dei graças a Deus! Deitei do lado esquerdo, meu marido ficou do meu lado e então a Ty e a médica me mandaram fazer força. Fiz muita força, sem gritar, só fiz força. Manuela coroou! Senti uma ardência, era o círculo de fogo, passei a mão na cabecinha dela e a minha GO chegou. Eu respirava ofegante, a Ty me mandou inspirar e expirar pra mandar oxigênio pra bebê. Elas me mandaram fazer mais força, mas bem devagar, então Manuela nasceu!

Momento tão esperado, veio direto pros meus braços e eu a abracei. Fechei os olhos e a abracei! O Heverson glorificava a Deus! Lembrei então de olhar pra ela e achei ela linda! Fiquei ali uns instantes com ela, até que o pediatra, super querido, clampeou o cordão. O Heverson cortou o cordão emocionado, foi lindo! Muito melhor do que imaginávamos. Só 5 horas de trabalho de parto. Nem deu tempo de usar a suíte. Manuela já chegou economizando. Deus prepara tudo e cuida de nós, eu sempre orava por um parto rápido! Foi totalmente natural e humanizado, pois respeitaram nossas escolhas! Sou grata a Deus, ao meu esposo Heverson, que foi meu doulo, à Ty, que nos orientou o tempo todo e eu só fiquei tão tranquila porque sabia que tinha ela conosco, minha GO e a equipe envolvida.

Glória a Deus pela vida Manuela, foi ele quem a formou e a trouxe de maneira tão maravilhosa pra nós!

"Ainda coloquei brincos e passei lápis e rímel no olho, que ficou tudo borrado porque eu me agachava, fechava o olho e fazia força. Quando cheguei na cozinha vi que já eram 6h40min da manhã, tinha perdido a noção do tempo".
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