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Ana Paula de Medeiros Luiz Fernandes
Bebê: Maria Clara

Ty, já sabe! Pura gratidão. Adorei reviver tudo isso por meio das palavras! Deus te abençoe infinitamente.

Minha história de amor materno e de amor em formato de leite só é possível a partir da minha linda flor Maria Clara Fernandes, que nasceu no dia 3 de setembro as 7h15min por meio de um parto normal após 14 horas em trabalho de parto acompanhada pela doula mais sorridente e atenciosa que já conheci e meu amado marido Rodrigo.

Bom, acho bem interessante contar um pouquinho antes do relato do parto, como nossa florzinha floresceu em nossas vidas. Após um diagnostico de hipotireoidismo e ovários policísticos (com vários cistos diga-se de passagem), ouvir de um médico que será quase impossível engravidar, não foi nada fácil! Mas ainda bem que existe um “quase”, um Deus maravilhoso que nos surpreende a cada piscar de olhos, e uma mãe amorosa que nos acolhe em nossos sofrimentos! Três meses depois deste diagnostico doloroso e ao desenrolar de um tratamento dos cistos, do hipotireoidismo e um processo de emagrecimento na tentativa de controlar essas doenças. Uma surpresa! Um serzinho de seis semanas habitava meu ventre! Glória a Deus! E a partir daí nossa vida tomou outro rumo e outro significado.

O meu parto foi lindo e providencial. Deus preparou tudo, começando pelo meu coração, depois pela equipe maravilhosa que me acompanhou sem ao menos ter planejado e com direito a pacote completo (doula Tiffany Buchmann, marido Rodrigo, que se saiu super valente e ao mesmo tempo minha calmaria, a anestesista, um doce de profissional e o super GO humanizado de plantão, pasmem!). 

Desde que descobri que estava à espera da minha florzinha, pensava em ter um parto normal, mas não me fixei na possibilidade, não pesquisei, não assisti a vídeos de parto e não tinha em mente um plano. Contudo, me preparei física e psicologicamente. Na terapia, encarei meus maiores medos, monstros e bloqueios com relação à maternidade, pude resignificar muita coisa e assim sigo resignificando! Fisicamente, fiz Pilates desde o terceiro mês de gestação até dois dias antes de parir, e sim, esse foi um diferencial no desfecho desta história! Realizei muitas caminhadas e quatro lances de escadas todos os dias, pelo menos 3 vezes ao dia!

Na primeira semana de setembro, publiquei no facebook uma imagem de um lindo ramo de flores escrito, “e que setembro nos encha de paz, cores e flores“ e completei a publicação com “e muito amor e saúde para a chegada da nossa princesa". Incrível! Faltando alguns dias para completar 39 semanas (a DPP era dia 11 de setembro), meu corpo e meu inconsciente davam sinais que a chegada da minha flor se aproximava primeiramente com os pródomos depois de um belo jantar mexicano regado de pimenta e comidinhas que eu amo. Depois do jantar mexicano, alguns beijinhos no marido e aquela sensação de ter comido um boi inteiro começou a me incomodar! A madrugada foi longa, caminhando de um lado para o outro e xingando internamente os nachos e tacos. Confundi algumas contrações com cólica intestinal e indigestão! Até que consegui cochilar. Mal sabia que na manhã seguinte a aventura do trabalho de parto iniciaria!

As dores esquisitas me acordaram e logo vi que algo estranho estava acontecendo, mas não estava acreditando, afinal de contas não tinha nem completado 39 semanas ainda, o quartinho não estava completamente arrumado e a mala de maternidade por fechar! Liguei pra manicure e adiantei meu horário, minha vaidade falou mais alto, afinal de contas queria estar bonita para receber minha princesa. Mas mesmo assim, negava o tempo todo a possibilidade do nascimento, mas por via das duvidas meu inconsciente mais uma vez foi me preparando! Papo vai papo vem, e a manicure, que teve seus três filhos de parto normal, olhava para minha barriga endurecendo de tempos em tempos e tentava-me “tranquilizar”, dizendo que eram só algumas contrações de treinamento, que mais tarde, veio me contar que sabia que Maria Clara nasceria muito em breve! Bingo!

Depois da unha feita, havia programado de ir para a casa dos meus pais de ônibus, como de costume. Porém, achei melhor ligar para minha mãe e pedir o favor para que ela me buscasse, ela veio e me buscou. A manicure me ajudou a entrar no carro, as contrações já estavam mais doloridas, mas ainda sem ritmo algum. Neste meio tempo, trocando mensagens com meu marido e explicando o que eu estava sentindo, ele me perguntou se eu estava conseguindo monitorar o tempo das contrações, e claro que a minha resposta foi não! Um parêntesis. Tínhamos essa noção de pródomos, contrações e tudo mais porque fizemos o curso de parto com a Ty. Porém, não estava em nossos planos contratá-la por questões financeiras e por pensar que a realidade do parto ainda estava muito distante. Chegamos até a Ty, porque minha irmã fez Pilates no Instituto Besser durante toda a gestação.

No meio do caminho para a casa da minha mãe, mais uma vez meu inconsciente, ou minha intuição fizeram com que eu ligasse para a costureira e fosse apressá-la para pegar o jogo de berço da neném. O caminho foi uma comédia, minha mãe tentando me tranquilizar e ao mesmo tempo ficando cada vez mais preocupada, e eu me segurando nos apoios do carro a cada contração, pobre mulher! Mal sabia o que me esperava. Objetivo alcançado, jogo de berço no carro, partiu casa da mãe, só que não. Fui dessa vez em outro salão fazer as sobrancelhas, afinal de contas queria estar bonita para receber minha princesa. Minha amiga estava impressionada com a minha barriga endurecendo e eu me torcendo enquanto ela fazia minhas sobrancelhas e ao sair do salão ela toda feliz exclamava, "atendi uma cliente tendo contrações, em trabalho de parto"! E eu só conseguia rir. Fui caminhando para a casa da minha mãe, mais ou menos umas quatro quadras dali, nunca foi tão longe esse trajeto.

Comecei a perceber que realmente a hora estava chegando e resolvi tomar um banho. Sem nenhum item pessoal, peguei roupas da minha mãe. Lembrava do curso da Ty e tentava mentalizar os próximos passos. Banho demorado, tentando relaxar, quase não consegui almoçar. Tinha esperanças que fossem os pródomos, ainda não conseguia acreditar! Tentei dormir, uns 10 minutos na cama foi o máximo que consegui ficar. Tentei me distrair, mexer no celular, computador, até que me deu uma vontade tremenda de comer um bolo de festa, esses bem calóricos com recheio de lamber os beiços! 

Neste momento achei prudente avisar a médica que estava me acompanhando no pré-natal e recebi a instrução de ficar em casa e ir para o hospital apenas quando as contrações estivessem bem próximas uma das outras e com isso avisá-la. Detalhe, por coisa do destino não havíamos assinado e nem pago contrato de disponibilidade ainda.

Meu marido pediu para sair antes do trabalho, tentava esconder sua preocupação. Enquanto isso, fomos comer o bendito bolo, eu, minha mãe, minha irmã e meu sobrinho Pedro. Barriga literalmente cheia, desejo realizado, após algumas fatias de bolo, bateu a vontade de ir pra casa e tentar organizar as coisas, organizar e acalmar o coração. Minha irmã foi comigo para casa e ficou comigo até meu marido chegar. Papo vai papo vem, eu em cima da bola de Pilates, saltando, alongando e de certa forma me despedindo da minha barriga. Não consegui organizar nada.

De repente, minha irmã com palavras mágicas, sugeriu que fossemos até o Besser conversar com a Ty, apenas para me tranquilizar e saber o que fazer. Neste momento meu coração se encheu de alegria e na minha mente só vinha a imagem daquela salinha aconchegante. Não pensamos duas vezes e fomos.

Saímos de casa, de carona com a minha irmã, sem levar a bolsa da Maria Clara e nem a minha, estávamos com a ideia que iria fazer alguns exercícios, conversar com a Ty, e depois voltar para casa, não imaginava que dali daquela sala aconchegante sairíamos direto para a maternidade.

Quando chegamos ao Besser, a Ty já tinha preparado tudo, a tal sonhada sala estava pronta para nos receber. Logo de inicio fui relaxar e tentar descansar um pouco. Enquanto isso, Ty e meu marido combinavam os próximos passos, ir ao mercado, comprar água de coco, sucos, chocolates, tudo o que ajudaria a dar energia. Ela explicou para ele que eu seria observada por pelo menos 4h e que se não evoluísse as contrações poderia voltar para casa. E eu? Tentava relaxar na sala. Detalhe, meu marido muito esperto, seguiu as dicas da Ty no curso de parto e foi comprar aquela cerveja para relaxar. E não é que ele ficou muito tranquilo. Se não fosse ele entrando na salinha e perguntando em voz alta para a Ty, "e ai, ainda estamos de três em três?". Ty não pensou duas vezes e ameaçou jogá-lo pela janela. Foi o único momento que tive noção do que estava acontecendo.

Após meu descanso, comecei com as escaldas pés, acupuntura, tudo para ajudar. Pera ai, ajudar? Aquela acupuntura me fez ver mil estrelinhas e urrar de dor, doía mais que as próprias contrações. Logo veio o tal chá que não foi tão ruim assim. Observava a Ty fazer tudo com muito carinho, cuidado e atenção. Consegui me entregar, sabia que estava em boas mãos. Na verdade, várias mãos. Sou muito devota a Nossa Senhora e carregava comigo uma gargantilha de Nossa Senhora Aparecida. Pedia o tempo todo a Deus, às vezes em voz alta, às vezes baixinho no interior do meu coração, que Deus me acompanhasse, me desse forças e me mostrasse o que fazer. Aqui, relato de coração aberto a experiência espiritual mais linda que já vivi, eu via e sentia Nossa Senhora ao meu lado, e se concretizava cada vez que a Ty me dizia uma palavra de apoio e de carinho. Relato com emoção e com lagrimas nos olhos. Levei um tempo para conseguir expressar essa minha experiência mística e por isso a dificuldade em relatar meu trabalho de parto, para mim ainda é algo muito vivo e espero que seja assim enquanto eu viver. Agradeço a Deus por isso. Poucas pessoas sabem dessa parte do meu TP e agora que finalmente sentei para eternizar por meio dessas palavras e dar testemunho de fé. 

Depois disso minha memória é  um pouco confusa. Eu perdi totalmente a noção de tempo. Sei que de tempos em tempos mudávamos as atividades. As contrações apertavam, eu está pegando o jeito, caminhando pelo Besser acompanhada pela Ty ou pelo meu marido, buscava posições para suportar as contrações, me apoiando nos aparelhos de Pilates, me jogando no chão em quatro apoios. Elas iam e vinham, e a Ty me confortava com a frase, "as contrações estão trazendo sua bebê ao mundo, está  chegando a hora de ver seu rostinho, elas vem e vão, já  vai passar!". Eram muitas as palavras de incentivo e conforto. Às vezes eu clamava por Deus, e a Ty com algumas palavras completava minha prece. Isso me arrepiava.

Uma parada e outra para tentar comer e beber algo, Ty e meu marido ali me alimentando na boca, que gesto respeitoso com o outro que ali se debruçava de dor!

Pausas para ir ao banheiro, percebia que o tampão estava saindo, tentava fazer o número dois, mas não conseguia!

Em algum momento falei para a Ty que tinha muito medo de não conseguir fazer força na hora H e ela me dizia que o corpo saberia o que fazer quando a hora chegasse e que ela estaria ali para me ajudar!

Os exercícios continuavam, bola, massagem, cócoras, reboladas e mais caminhada dentro do Besser. Em alguns momentos meu marido saia para outra sala para tentar descansar pois o cansaço começou a bater.

Eu não gritava escandalosamente, acho que isso foi algo que internalizei por escutar minha mãe contando sobre seus partos e sua dor silenciosa. Eu não xingava, não desejava coisas ruins e não queria desistir, mas pelo cansaço comecei a implorar para ir para o hospital. Me lembro que chorei em alguns momentos, o choro era de alegria misturado com medo e cansaço. 

Lembro que eu disse para a Ty, "vamos para o hospital, quero muito a analgesia, não assinei em nenhum lugar que eu era contra. O mundo é dos espertos".

Me enrolaram por muito tempo. Ty até queria que eu ficasse mais, até que eu ouvi algo do tipo, vamos arrumar as coisas e vamos para o hospital! Fiquei feliz, fiz até alguma piadinha. 

O caminho até o carro foi longo, as contrações vinham e eu tinha que encontrar uma posição para suportar e geralmente era se jogando no chão. E  elas vinham como uma onda, no elevador, no hall de entrada, na porta do carro e no caminho para o hospital. Não lembro quantas vezes meu marido parou o carro para que eu pudesse "curtir" as contrações.

Chegando ao hospital mal conseguia responder a triagem, meu marido se encarregou de fazer o internamento. E enquanto isso eu me apoiava nos corrimões e me agachava aonde dava. E lá estava a Ty me apoiando.

Enfim a consulta com o médico, um tal de doutor humanizado que eu não conhecia, apenas um comentário ou outro. Uma enfermeira não queria que a Ty entrasse no consultório comigo. Mas meu marido ficou aguardando e ela entrou. Logo ele veio, cumprimentou a doula de forma muito amigável, fez algumas perguntas a ela sobre minha situação e logo me examinou e disse, está  com 6 quase 7 de dilatação, será um parto tranquilinho, vai para o quarto e daqui há duas horas passo para avaliar". Como assim!? Achei que já estava nascendo. Fiquei frustrada neste momento.

Fomos para o quarto e fui direto para o chuveiro e bola. Ali fiquei por pelo menos uma hora e meia. Luzes apagadas, caixinha de som da Ty, ela me tirou do chuveiro e disse que era necessário se movimentar mais, o cansaço estava ainda maior e as dores mais difíceis de lidar. Não achava mais posição que ajudasse.

A porta abriu e de lá veio a figurinha do GO, algumas palavras de consolo e um carinho. Aguardou a contração passar e me examinou. Viva, 8 cm de dilatação e meu clamor pela analgesia. Ele disse que tudo bem, me encaminhou para o centro obstétrico para tomá-la. Fizeram alguns comentários como se fossem previsões, tipo um bolão de que horas minha Maria chegaria. Ele falou algo do tipo ir para o céu. 

A emoção foi tanta que comecei a sentir náuseas, avisei aos presentes no quarto que queria vomitar, Ty correu para acudir com uma toalha, uma ânsia e "plof!" Senti a bolsa estourar. Que coisa esquisita, um banho na doula  querida!

Logo cheguei na sala, veio a anestesista, uma fofa! Acompanhada de uma enfermeira não tão fofa assim. A analgesia foi complicada, 20 minutos intensos sem poder me mexer até que a doutora conseguiu. E as contrações ali o tempo todo indo e vindo, foi complicado por conta de um desvio que tenho na coluna.

Comecei a relaxar e as contrações foram sumindo, meu marido entrou e o GO veio me ver. Só  gente fina ao meu lado, me assistindo e batendo um bom papo! Falei coisas engraçadas, relaxei, cochilei, percebi que faltava muito pouco para minha pequena chegar! O tempo todo eu e ela fomos monitoradas. Tudo sob controle. Alguns tremores frutos da adrenalina. Que sensação!

Neste momento me dei conta de quanto tempo havia passado. Na sala havia um relógio e eram por volta de 5h da manhã. Fiquei impressionada de quanto tempo havia passado.

Às 6h e pouco da manhã o doutor me examinou e la estavam os 9 centímetros e meio de dilatação. Perguntaram se eu sentia minhas pernas e respondi que sim! Com isso, levantei e fomos caminhar pois precisava chegar à dilatação total.

Me deixaram livre para escolher uma posição, tentei ficar de cócoras mas não conseguia, estava me sentindo muito fraca.

Minutos depois fui para a maca novamente e ali, na posição "tradicional" fizemos apenas um teste de forças e o doutor disse que havia chegado a hora.

Meu marido atrás de mim segurava minha cabeça  me ajudando a fazer força. Ty também ao meu lado me apoiando juntamente com a anestesista e a pediatra.

Havia chegado a hora e aquele medo de não conseguir fazer a força necessária foi substituído por uma força inexplicável, parecia que meus dentes e meia olhos saltariam longe.

Uma sequência de forças, e o GO pediu para controlar para não me lacerar. Pude sentir a cabecinha saindo e logo o doutor pediu para que eu a pegasse.

Amor, amor, amor! Não consigo descrever mais nada do que isso, amor!

Nos vimos, nos beijamos, nos apaixonamos! 

A Ana Paula morreu naquele momento, aquela menina frágil, com medo de tudo se foi e nasceu uma mulher, uma mãe, uma leoa, uma amiga, uma protetora!

Ali, rodeada de anjos que o Senhor enviou para cuidar de nós nos amamos! Pai, mãe e filha!

Papai cortou o cordão alguns minutos depois e foi acompanhar os primeiros procedimentos.

Mamãe ficou ali aguardando a placenta "nascer" e pedi para vê-la. Levei dois pontinhos superficiais!

Recebi o carinho da equipe e minha querida doula que transmitiu simultaneamente tudo que estava acontecendo para minha família, que aguardavam ansiosos!

Foi perfeito! Chorava de felicidade e gratidão por tudo e por todos.

Fui para a sala de recuperação, algum tempo depois levaram Maria para me ver, ficamos grudadinhas. Ela voltou para o bercinho para se aquecer. Duas horas depois fomos juntas para o quarto.

Já no meu colo, tentamos um segundo contato com o mama, aquela boca tão pequena sabia o que queria, só precisávamos aprender juntas. E aqui começa o maior desafio da minha vida, a amamentação! Isso mesmo foi a amamentação!

Mas isso é uma outra história...

Muito carinho, respeito e gratidão por todos os profissionais que nos acompanharam!

Detalhe, meu marido muito esperto, seguiu as dicas da Ty no curso de parto e foi comprar aquela cerveja para relaxar. E não é que ele ficou muito tranquilo. Se não fosse ele entrando na salinha e perguntando em voz alta para a Ty, "e ai, ainda estamos de três em três?". Ty não pensou duas vezes e ameaçou jogá-lo pela janela. Foi o único momento que tive noção do que estava acontecendo".
Ana Paula de Medeiros Luiz Fernandes
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