Mikaela Kancz da Silva Saraiva
Bebê: Helena
Com 40 semanas eu estava tranquila, todos que me encontravam me falavam, "nossa ainda não nasceu?!" E sério, a Helena estava bem tranquila dentro da casinha dela. Estávamos em contato constante com a nossa Doula Tiffany Buchmann, principalmente nas últimas semanas, começamos a intensificar as dicas dela, tomando chá mexicano, ficando de cócoras, namorando, comendo tâmaras e comidas mais apimentadas, fazendo acupuntura e caminhada. Na madrugada de quinta-feira para sexta-feira, comecei a sentir umas cólicas, mas nada que não me deixasse dormir, até que amanhecendo senti essas cólicas me acordarem, na sexta-feira de manhã percebi que eu estava com um pequeno sangramento, mas não era cor viva, então não fiquei preocupada, mandei foto para a GO e ela falou que poderia ser apenas do colo do útero. A Helena estava agitada na barriga, mexendo como nunca, no período da tarde fiz um cardiotocografia e estava tudo bem e segundo a GO e a Ty eu estava nos pródomos, com contrações a cada 10 - 15 min. Segui meu dia tranquila, um casal de amigos cariocas estavam em Curitiba e minha mãe em casa para nos ajudar, então saímos para almoçar e entre garfadas e contrações eu segui o nosso almoço, que experiência incrível, eu estava em pródomos, mas me sentia bem, estava feliz da vida!
Às 16h fui ao banheiro e senti algo estranho sair de dentro de mim, chamei meu esposo correndo para vir ver, porque a barriga não me deixava ver, ele fotografou e mandou para a GO e para a Ty, era o meu tampão que havia saído, enfim a Helena estava chegando, era isso que eu pensava. Foi uma noite longa, as contrações aumentaram, mas era suportável, eu tomava banho, respirava e as 22h resolvi dar um pulo na maternidade, mesmo minha doula falando que não era necessário, mas eu estava sentindo dor e pensei que já estava com 8 cm de dilatação. Consultei e conforme previsto pela Ty eu estava com 1 cm de dilatação. Voltamos para casa e foi uma longa noite. As cólicas evoluíram e eu sentia queimar a lombar, eram duas dores juntas, as contrações começaram a ficar mais ritmadas e minha mãe fazia massagem, passava óleos, orava, cantada, conversava com a Helena e eu tive algumas crises de choro, não apenas por estar sentindo dores que eu não conhecia, mas por estar com medo. No domingo às 12h fomos novamente para a maternidade, culpa da minha ansiedade, mesmo o tempo todo em contato com a GO e a Ty. Como esperado eu estava com 3 cm para 4 cm de dilatação, então a GO nos perguntou se queríamos internar ou tentar sair para caminhar, o que ajudaria na dilatação. Resolvemos caminhar e ficou combinado que voltaríamos às 15h30min, foi muito engraçado como a cada contração que eu tinha, me agachava na rua, parava para respirar, as pessoas ofereciam ajuda ao meu esposo e ele naturalmente respondia, "ah está tudo bem, minha esposa só está em trabalho de parto". Às 15h30min voltamos à maternidade, eu fui caminhando de casa que fica duas quadras do hospital com a minha mãe e meu esposo e no caminho eu cheia de medo disse a ele, "Rodrigo eu estou em plena consciência, você vai chegar e falar para a GO que eu quero analgesia, está doendo muito e não vou aguentar". Ele riu e falou "Mika esse não é nosso plano de parto, você aguenta". Eu senti muita raiva dele naquele momento. Chegando à maternidade entrei na sala para fazer o exame de toque 6 cm de dilataçãoe a Ty chegou na sequência. Meu Deus que alívio quando ela chegou e me abraçou, eu comecei a chorar e ela me deu toda motivação necessária, me fez acreditar que eu conseguiria, que eu era forte, que eu podia chorar mas era de alegria porque a Helena estava chegando. Aquelas palavras me deram energia para seguir. Na sequência a GO chegou e foi tudo natural, tentei seguir a risca cada palavra que a Ty falava, e sério, ela foi o anjo de Deus para que tudo fosse como sempre sonhei, tenho certeza que sem ela, eu não teria conseguido, pois ela sabia o que eu tinha que fazer, quando fazer, na hora que tinha que fazer, parecia uma "bruxa", no bom sentido. A Helena não estava do lado certo para nascer, estava mal posicionada, ela estava alta, com circular de cordão e não estava encaixada como necessário. Então a Ty foi me pedindo para fazer alguns movimentos específicos para que a Helena fosse naturalmente se acomodando corretamente. Mas ainda precisava encaixar, então aí veio o movimento mais difícil e doloroso, porém a Ty me pediu que eu ficasse imóvel durante 3 contrações em uma posição específica, e com o apoio do meu esposo, nós conseguimos. Minha bolsa ainda não tinha rompido, então a GO rompeu com o meu consentimento. Neste momento entrei para na "partolandia" e que mundo louco é esse que entrei, em que todos que estão ali no mesmo ambiente, sentem o mesmo que eu, vivem aquela experiência junto comigo! Foi intenso, no primeiro puxo eu me desesperei e comecei a gritar porque é uma explosão de sentimentos, dor, adrenalina. Eu lembro da GO me falar, "Mika não desespera, não desespera, eu to vendo a Helena, calma, respira”. Na segunda contração a GO viu que meu colo do útero criou um edena pela força inadequada que fiz anteriormente e isso não deixava a Helena passar. Nesse momento a Ty falou, "Mika a Helena quer nascer, toda vez que você grita, ela bate e volta, bate e volta, então na próxima contração, você vai fechar a boca e fazer a maior força que você conseguir, ela quer nascer, deixa ela nascer". Isso virou uma chave dentro de mim, a chave de uma mulher que eu não conhecia e que existia dentro de mim, eu fiz força, mas a força do nascimento, a força da vida e depois de 3 contrações ela veio. Ela era tão lisinha e na hora eu soube como pegar, parecia que tinha nascido para encaixar no meu colo. Foi perfeito, foi lindo, ela já nasceu querendo mamar, com 41 semanas, às 20h10min ela nasceu! Eu não acreditava em tudo que havia acontecido ali, só sabia que novas pessoas nasciam ali naquele momento, os pais mais apaixonados, mais encantados, mais radiantes, quanto orgulho eu senti de mim, eu senti de nós, quanto orgulho eu senti por ter um homem tão forte ao meu lado, que não cedeu ao meu momento de fraqueza, que acreditou em mim e me apoiou, orgulho por ter tido uma rede de apoio incrível, uma GO maravilhosa, uma Doula que eu não canso de indicar, pois se não fosse ela ali com toda a experiência e conhecimento dela, jamais teria conseguido realizar este sonho e ter sentido o maior amor do mundo, quanto apoio, quanto amor, ter um filho em um ambiente calmo, tocando a playlist escolhida a dedo, com a presença de Deus, me sentindo segura, isso se chama parto humanizado e a Helena nasceu assim, cercada de amor! Não poderia ter sido mais lindo.
"A Helena não estava do lado certo para nascer, estava mal posicionada, ela estava alta, com circular de cordão e não estava encaixada como necessário. Então a Ty foi me pedindo para fazer alguns movimentos específicos para que a Helena fosse naturalmente se acomodando corretamente."
Mikaela Kancz da Silva Saraiva



