Ana Paula Lube
Bebê: Cecília
Dia 20 de julho parecia um dia comum e demorei a acreditar no que estava por acontecer. Acordei, tomei café da manhã, fiz meus exercícios e corridinha no parque. Ajudei um pouco o faxineiro na faxina (sim temos um “diaristo”), almocei e fui pro quarto assistir a um filminho bem meloso, procurei na internet filmes para chorar, queria ocitocina.
No meio do filme, por volta das 17h30min senti descer uma quantidade de secreção maior que a habitual, pra mim era mais uma parte do tampão que há dias estava aos poucos saindo.
Comecei a sentir cólica, diferente das habituais que sempre sentia, era dor no ventre, achei que não era nada, mas como já estava com 39 semanas e 4 dias podia muito bem ser o trabalho de parto começando. Terminei de ver o filme e a esperar elas passarem ou ritmarem de vez. Estava duvidando que eram contrações, pensei que fossem os pródromos que senti bastante nas ultimas semanas.
Meu gato que estava dormindo em cima do armário desceu e se aninhou comigo na cama (como pode? Ele soube antes que eu). A intensidade foi aumentando! Liguei pro maridão Mauricio que estava trabalhando, mas era só pra deixá-lo alerta, mandei mensagem pra minha doula Tiffany Buchmann contando tudo e que estava na dúvida se era ou não era, ela escreveu algumas coisas mas só consegui ler o COM CERTEZA É SIM. Fiquei mega feliz e fui tomar banho só pra ter mais uma prova real e finalmente realizei que era o grande dia! Contrações aumentando de intensidade e velocidade cada vez mais. Aí meu coração!
Mauricio, que veio correndo para casa mesmo eu não dando certeza que eram contrações, chegou com aquela cara de alegria com misto de apreensão, doula avisada e os dois já em contato, e eu nem me preocupei em avisar a minha GO, porque sabia que a Ty estaria cuidando disso pra mim.
Tudo evoluiu muito rápido, eu já estava andando curvada com dores bem fortes, quando vinha uma contração não conseguia me mexer nem conversar, mas ainda consegui tomar um prato de sopa e fui terminar de arrumar meu necessaire que era a única coisa pendente! Quem disse que consegui fazer isso?! Nesse momento pensei que estivesse com uns 3 ou 4 cm de dilatação.
O plano era passar a “partolândia” no Instituto Besser mas de repente o negócio apertou ainda mais e eu disse que queria ir direto pra maternidade.
Minha sogra foi juntando as coisas pra mim e Mauricio falando com a Ty, a qual achou uma grande ideia irmos direto pra lá. Ela calculou, sabia que eu já estava com 2 cm de dilatação há dias, colo do útero apagado e sem tampão, pelo horário naquele momento eu já estava com uns 7 cm de dilatação. Sábia experiência! Chegamos na maternidade, Ty a nossa espera na porta, me ajudou a sair do carro e entramos direto pra triagem e lá estava eu com 7 cm de dilatação. Agora sei que ela nem precisou me dizer para fazer cara de dor para sermos atendidos rápido, porque eu já cheguei avisando que queria colocar toda a sopa pra fora, hehehe e foi o que aconteceu na privada do banheiro da sala da triagem. Ufa, ainda bem que deu tempo.
Saímos da triagem e fomos para o centro obstétrico, estava frio e não conseguimos um aquecedor.
Quis ir pro chuveiro me aquecer e lá mesmo começaram os puxos, Ty orientando a me mexer, Mauricio colocou Marisa Monte para ouvirmos e quando dei por mim a GO já estava presente. Enfim todos ali esperando por Cecília!
Pedi para sair da água, ao voltarmos para o centro obstétrico a luz já estava baixa e eu bem aquecida, aliás, com muito calor. Nos aconchegamos num colchão de couro no chão, fiz cócoras, fiquei de lado, de quatro apoios, até achar minha posição preferida que foi sentada com a Ty atrás de mim.
Todos a me incentivar, a fazer força prolongada, mas eu só escutava meu “doulo” favorito, quando ele falava eu levava a risca e fazia direitinho, respirava e conseguia fazer mais de 3 puxos na mesma contração. Nunca falei tanto ai ai ai ai ai na vida, as dores eram muito fortes e respirava quando minha super equipe mandava (a gente até esquece de respirar).
Mantive a calma, estava muito conectada com meu corpo, sabia que não ia morrer e nem pedi por analgesia, era só questão de fazer a força correta e eis que ela coroou! Ty disse, "coloque a mão e sinta a cabeça da sua filha, só mais uma contração e ela vai nascer". Foi o que aconteceu, nossa pequena nasceu nas mãos do pai as 00h24min entregue direto para meu colo. E foi nesse momento que eu entendi porque fazemos tudo isso e porque temos que ser fortes, pois se deparar com uma cópia em miniatura sua, que acaba de nascer de parto normal, de forma respeitosa, natural e humanizada, ao lado do homem que amo foi a maior emoção da minha vida! Foi tudo muito lindo!
Obrigada Deus por me proporcionar tudo isso, obrigada Mauricio meu amor, minha GO, doula Ty e minha pequena Cecília que foi a maior guerreira de todas ao vir ao mundo com tanta luz.
“Agora sei que ela nem precisou me dizer para fazer cara de dor para sermos atendidos rápido, porque eu já cheguei avisando que queria colocar toda a sopa pra fora, hehehe e foi o que aconteceu na privada do banheiro da sala da triagem. Ufa, ainda bem que deu tempo".
Ana Paula Lube





